segunda-feira, 23 de abril de 2012

STAUFFENBERG, Claus Philip Maria Schenk von (*15/11/1907†21/07/1944)

Claus von Stauffenberg nasceu de uma tradicional família aristocrática, católica, do sul da Alemanha, em nov./1907, na cidade de Jettingen, estado da Baviera. Ele foi o terceiro de quatro irmãos que incluíam Konrad (1907), seu gêmeo falecido um dia após o nascimento e os também gêmeos Berthold (1905-1944) e Alexander (1905-1964). Seu pai, Alfred (1860-1936), foi o último oficial administrativo para assuntos econômicos do Reino de Württemberg. Sua mãe, Carolina, carregava de família o título de condessa.
Na juventude, Claus e seus irmãos fizeram parte da Associação dos Escoteiros da Alemanha e mais tarde do Movimento da Juventude Alemã. Em abr./1926 Claus ingressou no Exército sendo incorporado à um Regimento de Cavalaria, arma tradicional dos nobres aristocratas. Em jan./1930 foi comissionado 2º Tenente. Estudou armamentos modernos na Academia de Guerra de Berlim-Moabit, mas permaneceu focado em unidades de cavalaria. Em set./1933 casou-se com Nina von Lerchenfeld com quem teria quatro filhos.
Em out./1938, já como Capitão, Stauffenberg tomou parte do contingente militar que ocupou os Sudetos Checos (parte da Checoslováquia cuja maioria da população era  de origem germânica e havia sido requerida pelo Reich), embora discordasse dos métodos utilizados pela política dos nazistas para este fim. Stauffenberg, ainda que aprovasse, em parte, alguns aspectos da política nacional-socialista, reprovava categoricamente outros aspectos da ideologia e nunca se filiou ao NSDAP. Com o início da 2ª Guerra Mundial, a unidade militar da qual Stauffenberg fazia parte lutou contra os poloneses e, após a vitória, ele desaprovou os métodos nazistas impostos ao povo judeu da Polônia, levando-o ao trabalho escravo e confiscando sua propriedades. Com esse sentimento de indignação, seu tio, Nikolaus von Üxküll-Gilleband, tentou aproximá-lo em vão do recente grupo de dissidentes do regime nazista.
Na campanha contra os países baixos e França, em mai. - jun./1940, Stauffenberg havia sido transferido para o Estado-Maior Geral do Exército e impressionou-se com a velocidade do sucesso militar alcançado, atribuído sobretudo ao Führer . Nesta ação ele foi condecorado com a Cruz de Ferro 1939 1ª Classe. Com o início da invasão da União Soviética, em jun./1941, o Major Stauffenberg ficou horrorizado com o assassinato em massa de russos, judeus, ucranianos e outras minorias pelos carrascos das SS. Em dezembro daquele mesmo ano com o fracasso das tropas alemãs diante de Moscou, devido ao rigoroso inverno bem como do contra-ataque maciço dos soviéticos, Hitler teve uma de suas famosas crises de nervos e promoveu uma "faxina" no comando do Exército, auto nomeando-se Comandante-Supremo daquela Arma. Um dos exonerados, General Höpner, foi comandante da 6ª Divisão Panzer da qual Stauffenberg havia servido na Polônia. Isto foi a gota d'água que convenceu Stauffenberg a se juntar, definitivamente, ao movimento de resistência dentro das Wehrmacht, aliás, a única força capaz de se opor às organizações criadas pelo regime nazista (SS, Gestapo e SD) para disseminar o terror e eliminar os adversários.
Em nov./1942 os aliados desembarcaram nos territórios franceses da África do Norte a fim de auxiliar as tropas britânicas que, desde o começo de 1941, estavam lutando incansavelmente contra o Afrikakorps do General Erwin Rommel. No começo do ano seguinte Stauffenberg foi promovido à Tenente-coronel e transferido para o Estado Maior da 10ª Divisão Panzer naquele teatro. Em abr./1943 sua divisão, em deslocamento pelas areias do deserto, foi atacada por caças australianos à baixa altitude. Stauffenberg foi seriamente atingido e transferido para o hospital, em Munique. Ali passou três meses em tratamento e ao sair estava inválido para o combate, pois havia perdido o olho esquerdo, parte do braço direito e dois dedos da outra mão. Foi colocado na reserva e mandado para casa. Todo este tempo de convalescença fez com que ele ratificasse sua posição de convicto opositor do regime e se aproximasse ainda mais dos líderes do movimento de resistência.
Em nov./1943 Stauffenberg foi designado novamente para servir no Estado-Maior Geral do Exército, posição de retaguarda em Berlim, onde ele conheceu o dia-a-dia das várias operações militares no front leste e na Itália assim como as reuniões que vinham sendo agendadas para discutir as questões militares. Em jun./1944 já promovido à Coronel, Stauffenberg foi transferido para a chefia do Estado Maior do Exército Metropolitano, ou de Reserva, posição que lhe dava, na ausência do seu superior imediato (General Fromm), a oportunidade de participar das reuniões com o Führer. Era a rara oportunidade que o grupo conspirador desejava para plantar uma bomba e assassinar Hitler, já que eles acreditavam que somente com a morte do ditador teriam sucesso na tomada do poder.
Depois de tantas tentativas frustradas no passado, Stauffenberg voluntariou-se para ser a pessoa a deixar a maleta-bomba sob a mesa de mapas da sala de reuniões. Em 11/07/44 esta chance surgiu e tudo fora planejado, entretanto Göring e Himmler não compareceram conforme o previsto e o plano foi abortado. Outra chance veio quatro dias mais tarde e, novamente, teve de ser adiado, pois a conferência de Estado-Maior durou apenas cinco minutos. Os conspiradores ficaram impacientes, pois a oportunidade poderia deixar de existir para sempre e concentraram-se na pessoa de Hitler somente.
No dia 20/07/44 fora marcada nova reunião no quartel-general do Führer na Toca do Lobo (Prússia Oriental). Stauffenberg fora convocado para representar o General Fromm. Deixou a maleta-bomba exatamente conforme o planejamento e escapuliu da sala alegando um telefonema urgente. Alguns minutos depois, quando estava deixando o local de carro, escutou a explosão e, por sua magnitude, concluiu que ninguém havia escapado com vida. Conseguiu driblar a segurança da guarda e pegou um avião direto para Berlim a fim de dar início ao golpe de estado e derrubar o regime nazista.
Tão logo chegou à capital percebeu falta de entusiasmo em seus comparsas: não havia chegado nenhuma notícia que confirmasse a morte de Hitler. Stauffenberg irritou-se e repetiu aquilo que viu (ou sentiu) e disparou ordens para o início das ações militares na capital do Reich (Operação Valquíria). O desmentido não tardou a chegar. O Führer escapara e estava vivo! O superior do Coronel Stauffenberg, General Fromm, depois de ter sido preso, conseguiu livrar-se e mandou prender todos os quatro militares sob suas ordens envolvidos no golpe. A seguir mandou fuzilá-los imediatamente. No mês seguinte o coronel foi expulso do Exército em caráter póstumo.
O feito do Coronel Claus von Stauffenberg não foi em vão. Morreu por uma causa nobre. Tentou acabar com o regime nazista e finalizar a guerra sem a necessidade de mais mortes. O tempo se encarregou de lhe dar o merecido crédito. Hoje ele é reverenciado e possui uma série de homenagens na Alemanha.


Promoções:
01/04/26 Cadete
01/08/28 Aspirante
01/08/29 Subtenente
01/01/30 2º Tenente
01/05/33 1º Tenente
01/01/37 Capitão-de-cavalaria
01/01/41 Major
01/01/43 Tenente-coronel
01/04/44 Coronel
Principais condecorações:
??/??/39 Cruz de Ferro 1939 2ª Classe
31/05/40 Cruz de Ferro 1939 1ª Classe
11/12/42 Cruz da Liberdade 3ª Classe com Espadas (Finlândia)
14/04/43 Insígnia de Ferimento em Ouro
08/05/43 Cruz Germânica em ouro
Obs.: Após sua morte, todas foram revogadas.
Principais posições:
01/08/38 - 30/05/40 Ajudante (IIa) no E-M do Cmdo. da 1ª Divisão Leve, depois 6ª Divisão Panzer
31/05/40 - ??/01/43 E-M do Cmdo. Geral do Exército (Operações)
15/02/43 - 07/04/43 Chefe de Operações (Ia) no E-M do Cmdo. da 10ª Divisão Panzer
01/11/43 - 19/06/44 E-M do Cmdo. Geral do Exército
20/06/44 - 20/07/44 Chefe de E-M do Cmdo. do Exército de Reserva

4 comentários:

  1. Exatamente por convivermos com um racismo camuflado (e eu entendo o anti-semitismo como uma forma de racismo) é que devemos estar atentos aos subterfúgios. Desinformação, interesses políticos, alianças de compadrio, pesquisas históricas distorcidas e a mídia têm contribuído para fortalecer a opinião pública, dificultando o exercício da crítica e o respeito às diferenças.
    Prezado Sylvio Lassance, através dos alunos que buscam conhecimentos, leio atentamente seu Blogspot admirando sua total imparcialidade, descartando tendências e/ou conduzindo para o lado nebulozo de uma nação que sofreu com o genocídeo de seres humanos, tornando-se um paraízo racial. Desde já parabenizo seu trabalho.
    Maria Luiza Carneiro, profª USP.

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  2. Sylvio Lassance, cometi erros ao postar em sei Blogspot,
    - genocideo - genocídio
    - nebulozo - nebuloso

    Desconsidere-os, grata, Maria Luiza

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  3. Lassance, muito boa a matéria da pesquisa no blog, com o vídeo minha atenção redobrou.
    Edvaldo

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