segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Esquadrão da Morte

Os Einsatzgruppen (unidades móveis) foram grupos paramilitares da Alemanha nazista, criados em 1938, responsáveis pelo assassinato em massa de minorias locais, principalmente judeus. Eles operavam através dos territórios ocupados seguindo na retaguarda das tropas do Exército, a partir de set./1939, na Polônia e, posteriormente, na Rússia. Foram responsáveis por mais de um milhão de mortes e se tornaram a primeira organização oficial do regime nazista a cometer assassinato em massa contra os judeus como se fossem polícia organizada. Seus integrantes eram recrutados, de forma provisória, dentro da Ordinungspolizei (Orpo), a Polícia Regular de Ordem, das Waffen-SS e de voluntários locais. Todos liderados por oficiais da Sicherheitsdienst (SD), o Serviço de Segurança, da Geheime Staatspolizei (Gestapo), a Polícia Secreta Estatal e da Kriminalpolizei (KRIPO), a Polícia Criminal. Tudo sob a direção do Reichssicherheitshauptamt (RSHA), o Escritório Central de Segurança do Reich, cujo chefe era o abominável General-SS Reinhard Heydrich. Parece muito complicado toda essa subordinação e siglas...e era. Todavia, em se tratando de matar, foram muito eficientes!
Estes grupos foram concebidos inicialmente para assegurar os documentos, escritórios e prédios do governo durante a invasão da Tchecoslováquia programada para 01/10/1938, entretanto o Pacto de Munique impediu que um conflito maior fosse deflagrado, uma vez que parte do território daquele pais, os Sudetos Tchecos, cuja população de maioria germânica, foi incorporada ao Reich Alemão, com o beneplácito da Grã-Bretanha e França. Ainda assim estes grupos ocuparam os escritórios e representaram o governo local, mesmo que provisoriamente. Quando o restante da Tchecoslováquia foi invadido, em mar./1939, novamente eles foram formados e acionados para ocupar os órgãos do governo depois da entrada das tropas regulares do Exército. Como não houve resistência, o trabalho foi facilitado, muito embora os seus comandantes tivessem ordens de usar a força através de armas de fogo para cumprirem suas missões.
Com a experiência alcançada no caso tcheco, novamente os "esquadrões da morte" foram reconvocados para seguir as tropas do Exército na campanha contra a Polônia, que deu início à Segunda Guerra Mundial. As forças armadas daquele país foram derrotadas em três semanas muito embora tivessem lutado com bravura. Contudo, neste caso, haviam muitos nacionalistas descontentes com os invasores. Os "grupos de bárbaros" entraram nas cidades polonesas para fazer seu trabalho de "varredura" buscando além dos judeus, os cidadãos da alta classe e intelectuais que se manifestavam contra a ocupação. Desta forma, foram massacrados professores, aristocratas, políticos, juízes, padres, estudantes, músicos, enfim todos aqueles grupos claramente identificados com a política nacional local. Os "esquadrões", outra vez, na pessoa de seu comandante, tinham livre-arbítrio para assassinar qualquer um que fosse considerado hostil. A alta classe polonesa, a liderança política assim como o empresariado dominante foram eliminados. Para se ter a idéia exata da monstruosidade cometida, basta dizer que, foram criados oito destes "esquadrões", cada um agindo de forma independente sob o comando de um oficial-SS, agregado a um dos Exércitos formais e todos com objetivos regionais diferentes. O massacre ocorrido na Polônia chocou, pela primeira vez, os generais das Wehrmacht que consideraram estes atos uma arbitrariedade sem objetivo moral, que feriam, abertamente, o código de disciplina militar.
Mas foi na invasão da Rússia que estes grupos de assassinos, travestidos de purificadores, construiriam sua pior fama. Ali a lista de inimigos do Reich cresceu com a inclusão dos judeus-bolchevistas, dos extremistas do comunismo, dos guerrilheiros e, o mais importante, dos comissários do Partido Comunista, afinal, segundo o tirano nazista, a guerra contra os soviéticos, era, sobretudo, racial-ideológica. Foram criados quatro "esquadrões" com efetivo de quinhentos a mil homens, a saber: Esquadrão A alocado na região dos países do mar Báltico sob comando do Major-general-SS Franz Stahlecker, Esquadrão B que atuaria na Bielorrússia sob a liderança do Major-general-SS Arthur Nebe, Esquadrão C na região norte e central da Ucrânia sob o comando do Tenente-general-SS Otto Rasch e o Esquadrão D na Moldávia, sul da Ucrânia e Crimeia liderado pelo Tenente-general-SS Otto Ohlendorf. Com o desenrolar das ações os excessos foram aparecendo - primeiro os soldados e oficiais, prisioneiros de guerra, de origem judia foram assassinados, depois os prisioneiros de origem asiática central e da Geórgia também o foram devido à "possibilidade" de serem judeus, a seguir vieram os assassinatos de judeus pela própria população local, incentivada pelos alemães em programas antissemitas. Em set./1941 um dos eventos mais horrorosos foi realizado nas proximidades de Kiev, ocasião na qual, em apenas três dias, mais de 52 mil homens, mulheres e crianças foram assassinados, a sangue frio, após serem forçados a cavar sua própria sepultura. Depois seus corpos foram vasculhados em busca de algum pertence de valor. Até ciganos, homossexuais e deficientes físicos e mentais não foram poupados. A crueldade da matança não teve comparação nos tempos modernos.
Em fins de 1941, o Reichsführer-SS Heinrich Himmler, observando os efeitos psicológicos e o cansaço que este método de eliminação estava causando em seus executores, solicitou o desenvolvimento de uma outra forma de aniquilamento mais rápida, impessoal e eficiente. Assim foram criados os "caminhões de gás", que eram câmaras de gás móveis, montadas sobre o chassis de um caminhão cujo cano de escapamento estava voltado para o interior destas câmaras onde eram transportados, em média, quinze prisioneiros, matando-os por envenenamento de monóxido de carbono. Foi um sucesso, pois a matança agora evitava o desperdício de munição além de eliminar um número maior de prisioneiros ao mesmo tempo. No começo de 1943 os "esquadrões" já haviam matado mais de um milhão de pessoas, contudo as autoridades nazistas não estavam satisfeitas e resolveram construir dentro dos campos de concentração instalações próprias para assassinar por envenenamento um número ainda maior de "inimigos". Eram os campos de extermínio.
Com o fim da guerra, estes crimes chocantes não poderiam ficar impunes. Depois das sentenças impostas aos líderes nazistas pelo Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, as autoridades norte-americanas, em sua zona de ocupação, criaram os Tribunais de Crimes de Guerra onde foram julgados 24 comandantes destes "esquadrões da morte", de set./1947 até abr./1948. No final dos trabalhos quatorze deles foram condenados à morte, dois à prisão perpétua, um se suicidou, outro foi afastado por questões de saúde e seis tiveram penas que variaram de 10 a 20 anos de prisão.

Obs.: Para mais detalhes da organização dos einsatzgruppen clique aqui.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Os Serventes do Führer



Alwin-Broder Albrecht (set./1903-mai./1945) - Ajudante de Ordens da Marinha. Coronel-senior-NSKK. Suicidou-se em 01/05/1945. Vide mais detalhes aqui.










Hans Baur (jun./1897-fev./1993) - Piloto particular de avião. Tenente-general-SS (Allgemeines). Fugiu, ferido na perna, de Berlim após o suicídio de Hitler. Preso pelos soviéticos até out./1955. Após a libertação escreveu suas memórias. Vide bio mais detalhada aqui.








Nicolaus von Below (set./1907-jul./1983) - Ajudante de Ordens da Luftwaffe. Coronel. Escapou de Berlim em 30/04/1945. Publicou famoso livro em 1980 sobre seus dias ao lado de Hitler.








Georg Betz (jun./1903-mai./1945) - Copiloto particular de avião e substituto na ausência de Hans Baur. Tenente-coronel-SS. Ferido e morto em 02/05/1945 quando tentava escapar de Berlim, cercada pelo Exército Vermelho.









Albert Bormann (set./1902-abri./1989) - Ajudante pessoal na Chancelaria do NSDAP. Tenente-general-NSKK. Escapou num grupo de pessoas do bunker em 20/04/1945 com objetivos a cumprir. No trajeto, por via aérea, perdeu-se seu rastro. Foi localizado em abr./1949 e aprisionado por seis meses. Vide bio mais detalhada aqui.








Martin Bormann (jul./1900-mai./1945) - Secretário particular. Tenente-general-SS (Allgemeines). Chefe da Chancelaria do NSDAP. Morto ao tentar fugir de Berlim em 01/05/1945. Julgado no Tribunal Militar de Nuremberg in absentia. Condenado à morte. Seus restos mortais somente foram descobertos em dez./1972 e confirmado, através de exame de DNA em 1999. Vide bio mais detalhada aqui.






Wilhelm Brückner (dez./1884-ago./1954) - Ajudante-chefe até out./1940. General-SA. Incorporado ao Exército em 1941, lutou na frente oeste, onde foi ferido e hospitalizado. Prisioneiro dos aliados após o fim da guerra. Vide bio aqui.









Gerda Christian (Dara) (dez./1913-abr./1997) - Secretária. Escapou de Berlim em 01/05/1945 juntamente com Traudl Junge, mas foi capturada pelos russos no dia seguinte.








Erna Flegel (jul/1911-fev./2006) - Enfermeira (Cruz Vermelha). Por vezes atuou como babá dos filhos do casal Goebbels no bunker. Capturada pelos russos ainda dentro do bunker.






Ernst-Robert Grawitz (jun./1899-abr./1945) - Médico. General-SS (Gerais). Suicidou-se detonando uma granada de mão em sua casa, matando toda sua família. Vide bio mais detalhada aqui.








Otto Günsche (set./1917-out./2003) - Ajudante de ordens pessoal. Major-SS. Testemunhou o suicídio do ditador. Fugiu de Berlim em 01/05/1945. Prisioneiro dos soviéticos até mai./1956.









Ludwig Werner Haase (ago./1900-nov./1950) - Cirurgião-dentista. Tenente-coronel-SS. Orientou Hitler da melhor maneira de cometer o suicídio usando sua cadela (Blondi) como cobaia. Prisioneiro dos russos.






Johannes Hentschel (mai./1908-abr./1982) - Eletricista. Responsável pela casa de máquinas do bunker. Permaneceu dentro do bunker até cair prisioneiro dos soviéticos. Foi libertado em abr./1949.


Heinrich Hoffmann (out./1885-dez./1957) - Fotógrafo. Em seu estúdio Hitler conheceu Eva Braun que lá trabalhava como assistente no final da década de 20. Escreveu diversos livros sobre sua vida com Adolf Hitler ainda antes de se tornar chanceler. Prisioneiro dos norte-americanos até mai./1950.








Willy Johannmeyer (jul./1915-abr./1970) - Último Ajudante de Ordens do Exército. Tenente-coronel condecorado com a Cruz de Cavaleiro com Folhas de Carvalho. Veterano das campanhas da Polônia, França e Rússia. Deixou o bunker em 29/04/1945 para cumprir ordens do ditador nazista. Preso pelos norte-americanos. Vide bio resumida aqui.







Gertraud Junge (Traudl) (mar./1920-fev./2002) - Secretária. Datilografou os testamentos pessoal e político de Hitler na antevéspera do seu suicídio. Escapou de Berlim após o suicídio de Hitler. Vide biografia mais detalhada aqui








Erick Kempka (set./1910-jan./1975) - Motorista. Tenente-coronel-SS. Testemunhou a morte e cremação do casal Hitler. Escapou de Berlim em 01/05/1945. Preso pelos soviéticos. Escapou. Novamente aprisionado pelos norte-americanos até out./1947. Vide bio em mais detalhes aqui.







Armin Lehmann (mai./1928-out./2008) - Mensageiro. Membro da Juventude Hitlerista. Tinha dezessete anos ao final da 2ª Guerra Mundial. Deixou Berlim apóis a morte de Hitler. Em 1953 emigrou para os EUA onde trabalhou com turismo e escreveu um livro pacifista.








Heinz Linge (mar./1913-jun./1980) - Ordenança. Major-SS. Testemunhou a morte do casal Hitler. Fugiu de Berlim em 01/05/1945. Prisioneiro dos soviéticos até 1955.








Constanze Manziarly (abr./1920-mai./1945) - Cozinheira e nutricionista. Escapou de Berlim em 01/05/1945. Suicidou-se no dia seguinte para escapar da captura.









Rochus Misch (jul./1917-set./2013) - Telefonista, guarda-costa e mensageiro. 1º Sargento-SS. Prisioneiro dos russos até 1955. Última testemunha a morrer dos dias finais de Hitler. Seus depoimentos ajudaram muito a reconstituir aquele conturbado período. Vide bio aqui.






Theodor Morell (jun./1886-mai./1948) - Médico. Expulso do bunker por Hitler nos dias finais da guerra, devido à falta de confiança nos remédios prescritos. Prisioneiro dos norte-americanos onde morreu.








Karl-Jesko von Puttkamer (mar./1900-mar./1981) - Oficial de ligação da Marinha. Contra-almirante. Feriu-se em 20/07/44 no atentado contra a vida do ditador nazista. Frequentava o Berghof. Fugiu de Berlim em 23/04/1945. Prisioneiro dos norte-americanos até mai./1947. Vide mais detalhes aqui.







Johann Rattenhuber (abr./1897-jun./1957) -  Chefe dos guarda-costas. Tenente-general-SS e da Polícia. Participou da cremação do casal Hitler após o suicídio. Capturado pelos soviéticos quando tentava escapar, ferido, de Berlim. Prisioneiro até mai./1955. Vide bio mais detalhada aqui.






Franz Schädle (nov./1906-mai./1945) - Comandante do Batalhão de Guardas-SS. Tenente-coronel-SS. Suicidou-se em 01/05/1945.








Julius Gregor Schaub (ago./1898-dez./1967) - Ajudante-chefe. General-SS. Filiado ao NSDAP. Escapou de Berlim por ordem de Hitler em 22/04/1945. Prisioneiro dos norte-americanos até 1949. Vide mais detalhes aqui.









Christa Schroeder (mar./1908-jun./1984) - Secretária-estenógrafa. Escapou de Berlim por ordem de Hitler em 22/04/1945. Prisioneira dos norte-americanos até mai./1948.






Richard Schulze-Kossens (out./1914-jul./1988) - Oficial de ligação das SS. Tenente-coronel-SS. Prisioneiro dos norte-americanos por três anos. Vide mais detalhes aqui.









Ludwig Stumpfegger (jul./1910-mai./1945) - Médico. Tenente-coronel-SS. Ajudou Magda Goebbels a envenenar os seis filhos dentro do bunker. Suicidou-se quando tentava escapar de Berlim em 02/05/1945. Seus restos mortais foram encontrados com os de Martin Bormann somente em dez./1972.







Fritz Tornow (jul./24-?). Veterinário e cuidador dos animais de Hitler e Eva Braun. Sargento. Auxiliou no teste do veneno feito com a cadela de Hitler. Sacrificou todos os animais após a morte do ditador. Permaneceu no bunker até ser capturado pelos soviéticos.






Hans-Erich Voss (out./1897-nov./1969) - Oficial de ligação da Marinha. Vice-almirante. Esteve presente na reunião militar onde ocorreu o atentado à vida do Führer em 20/07/1944. Fugiu de Berlim em 01/05/1945. Posteriormente ajudou a identificar os corpos da família Goebbels.  Prisioneiro dos russos até dez./1954. Vide bio mais detalhada aqui.







Johanna Wolf (jun./1900-jun./1985) - Secretária-chefe. Filiada ao NSDAP. Fugiu de Berlim a mando de Hitler em 22/04/1945. Prisioneira dos norte-americanos até jan./1948.









Blondi (?/1941-abr./1945) - Cadela pastor alemão, presente de Martin Bormann. Hitler adorava-a. Diziam até que ele tinha mais afeição pelo animal do que por Eva Braun. Nos últimos dias de vida, mandou que seu médico, Werner Haase, utilizasse as cápsulas de cianureto em Blondi para testar o efeito. Blondi havia dado cria a cinco filhotes alguns dias antes. Convencido da eficácia do veneno, Hitler matou-se com sua esposa no dia seguinte. Todos os filhotes de Blondi assim como os dois terries de Eva foram sacrificados.




quinta-feira, 26 de abril de 2012

SPEER, Albert Berthold Konrad Hermann (*19/03/1905†01/09/1981)


O Arquiteto do Reich

Albert Speer nasceu em Mannheim em mar./1905, filho de família de classe média alemã. Na juventude foi um entusiasta por esportes praticando esqui, rugby e montanhismo. Seguindo os passos do pai e do avô, iniciou os estudos de arquitetura na Universidade de Karlsruhe. Devido à hiperinflação dominante na economia alemã na década de 20, que limitou o rendimento de seus pais, Speer trocou de universidade duas vezes: em 1924 ingressou na Universidade Tecnológica de Munique e no ano seguinte na Universidade Tecnológica de Berlim. Em fev./1928 graduou-se em arquitetura e em agosto do mesmo ano casou-se com Margaret (Margret) Weber (1905-1987), com quem teria seis filhos. Tão logo se formou começou a trabalhar como assistente do seu professor, Heinrich Tessenow, um renomado arquiteto do país.
Em mar./1931 Speer filiou-se ao NSDAP depois de participar de alguns rallyes patrocinados pelos nazistas, com a presença imponente de Adolf Hitler, bem como depois de assistir comícios inflamados do Dr. Goebbels. Muito embora sua função, sem rendimento, dentro do partido fosse bem diferente de sua formação, foi chamado para remodelar uma vila alugada pelo líder distrital do NSDAP no oeste de Berlim, Karl Hanke. O resultado foi considerado excelente.
Em jul./1932, depois de ingressar nas SS-Gerais, Speer e sua família auxiliaram o NSDAP nas eleições para o Reichstag. Nesse período, Hanke, recomendou os serviços profissionais do jovem arquiteto para Goebbels, na remodelação do escritório do partido na capital. Speer aceitou a tarefa e, após a conclusão, impressionou quem o contratou. Alguns meses depois, com Hitler já ocupando a Chancelaria da Alemanha, Goebbels, o novo Ministro da Propaganda, contratou novamente Speer para reformar o prédio do seu ministério. A partir daí o brilhante arquiteto ingressou, definitivamente, nas grandes obras do Terceiro Reich. Conheceu pessoalmente Adolf Hitler, e logo ambos tiveram uma grande admiração recíproca, dado que o ditador fora desenhista frustrado no passado e adorava design de grandes obras arquitetônicas. Em jan./1934 Hitler o designou Arquiteto-chefe do NSDAP, posição subordinada a Rudolf Hess. Speer, assim, acabara de entrar para o seleto grupo de pessoas íntimas do Führer.
Os próximos e grandiosos projetos do ambicioso Speer foram as construções do Estádio Alemão de Nuremberg, onde se realizavam as comemorações do NSDAP, da nova Chancelaria do Reich, um imponente prédio na capital e o pavilhão alemão na Exposição Internacional de Paris. Em 1937 Hitler o nomeou Inspetor Geral das Construções do Reich em Berlim, cargo equivalente à Subsecretário de Estado no governo. O sonho arquitetônico do ditador era de tal ordem que imaginava reconstruir totalmente a capital do Reich como se fosse uma nova Atenas da modernidade. Havia até um prazo para a conclusão da gigantesca obra - 01/01/1950!
Em fev./1942, com a guerra já em andamento, Hitler o nomeou Ministro dos Armamentos do Reich e líder das Organizações Todt (OT), em substituição a Fritz Todt, que falecera em acidente de avião no mesmo dia. Superando as dificuldades políticas do novo cargo, Speer centralizou o poder da economia em torno da guerra e ganhou, definitivamente, a confiança do ditador. A produção de aviões, tanques e armamentos experimentou um enorme salto após as modificações impostas pelo novo ministro. Estava no auge da carreira e despertava inveja em seus rivais dentro do Reich, principalmente Göring.
O crescente bombardeamento das fábricas alemães, pelos aviões britânicos e norte-americanos, não impediu que Speer mantivesse a produção de armas de guerra a pleno emprego. Entretanto ele sabia que a guerra estava perdida. Em mar./1945 Hitler lhe ordenou a "Operação Nero" que planejava destruir todas as pontes, fábricas, e ferrovias da Alemanha e dos países ocupados antes que elas caíssem nas mãos do inimigo. Era a política da "terra arrasada" como ficou conhecida. Speer desobedeceu o ditador, pois sabia que estas construções seriam necessárias ao povo alemão do pós-guerra e persuadiu os generais e líderes regionais do partido a não cumprirem tão absurda ordem.
No dia 22/04/1945 Speer foi ao bunker onde estava escondido o Führer em Berlim. Hitler agradeceu a visita e lhe revelou o desejo de terminar com a vida em breve. Contudo a aparição do Arquiteto do Reich naquela inusitada situação não era apenas um voto de solidariedade, era sobretudo um ato de fidelidade a quem tanto admirava. Speer, reafirmando lealdade, revelou sua desobediência em cumprir a ordem da "terra arrasada" esperando com esta confissão ser levado ao pelotão de fuzilamento. Para sua surpresa Hitler, com os olhos marejados, lhe teria dito - "Não tem importância, está tudo irremediavelmente perdido mesmo". Speer despediu-se pela última vez de Hitler e deixou Berlim, já sob intenso bombardeio da artilharia do Exército Vermelho. No dia 23/05/1945 o governo do Reich foi abolido e todos seus integrantes presos.
Speer foi levado à julgamento no Tribunal Militar de Nuremberg para responder por conspiração, crimes de guerra, contra a paz e a humanidade. Nas sessões do tribunal ele demostrou muita segurança e nunca fugiu da responsabilidade de seus atos, causando ótima impressão. Para surpresa de Göring, que o chamou de traidor, Speer revelou que tentou assassinar o Führer injetando gás venenoso pelos dutos de ventilação do bunker, contudo desistiu do plano quando percebeu que a parte de fora do esconderijo estava protegida por guardas nazistas. Speer foi condenado à vinte anos de prisão pelos crimes a ele imputados. No cárcere dedicou-se entusiasticamente a escrever o livro de suas memórias durante o regime ao qual serviu - Por Dentro do Terceiro Reich, publicado em 1969, uma obra imperdível. O grande arquiteto cumpriu sua pena sem redução e, em out./1966, ganhou a liberdade.
Nos seus últimos anos de vida gravou diversas entrevistas sobre seus dias de glória como arquiteto e pessoa admirada pelo Führer. No primeiro dia de setembro de 1981 sofreu um acidente vascular cerebral e faleceu em Londres, aos 76 anos.









terça-feira, 24 de abril de 2012

Os Grandes Dirigíveis

A história dos dirigíveis na Alemanha retroage ao ano de 1887 quando o Conde Ferdinand von Zeppelin (1837-1917) aposentou-se do Exército e passou a dedicar-se integralmente a sua grande paixão - o voo motorizado de balão. Sete anos depois requereu e conseguiu a patente de um dirigível. Em jul./1900 Zeppelin alçou vôo no seu primeiro dirigível (LZ-1), um longo "charuto" de 137 metros equipado com dois motores de 32 cavalos. O teste não acabou bem, contudo isso não desanimou o persistente conde. Novos testes foram feitos ainda naquele ano sem alcançar o êxito desejado. Em 1906, após a descoberta do avião por Santos Dumont, Zeppelin prosseguiu com suas experiências, buscando um aerostato rígido que pudesse ser utilizado comercialmente no transporte de passageiros. Dois anos depois o dirigível LZ-4 fez um teste de 24 horas levando 15 mil metros cúbicos de hidrogênio. O vôo acabou em desastre, entretanto sem vítimas.
Contando com novos financiamentos a empresa do conde lançou outras versões de seus dirigíveis, mas somente em fins de 1909, com o LZ-10, conseguiu inaugurar a primeira linha aérea de passageiros do mundo, entre as cidades da Alemanha. Foram construídos aeroportos nos principais centros do país e a companhia aérea (Deutsch Luftschiffarts-Aktien-Gesellschaftt, ou DELAG) criada passou a estabelecer e cumprir horários tão rígidos quanto os dos transportes ferroviários. Foi uma revolução. A empresa transportou mais de 37 mil passageiros nas suas primeiras mil horas de vôo, percorrendo 150 mil quilômetros, sem nenhum acidente.
Em ago./1914 quando a 1ª Grande Guerra estourou, os dirigíveis passaram a ser o grande trunfo das forças alemãs. A fábrica do velho Conde Zeppelin passou a produzir dezenas de dirigíveis com crescente incorporação de novas tecnologias. As aeronaves, a princípio utilizadas como meio de observação, passaram a transportar bombas a serem lançadas sem qualquer precisão sobre alvos no solo. Devido à sua grande altitude os dirigíveis não eram encontrados pelos aviões de caça enviados para sua interceptação assim como a artilharia antiaérea. Com o passar dos anos os aviões ganharam maior tecnologia de altitude e conseguiram destruir os dirigíveis, que, por sua vez, incorporaram defesa contra seus perseguidores. De qualquer forma os raids contra Londres diminuíram consideravelmente. Em nov./1918 a guerra terminou e com ela o fim dos dirigíveis alemães que foram entregues aos inimigos vencedores.
A fábrica de dirigíveis Zeppelin, agora sob a direção de Hugo Eckner (que sucedeu o conde após sua morte em mar./1917) continuou fabricando as aeronaves sob encomenda dos EUA. O primeiro dirigível a ser entregue foi o LZ-126 batizado naquele país de Los Angeles.
Com injeção de novos recursos governamentais a fábrica pode construir a maior aeronave de transporte de passageiros até então, com 217 metros de comprimento e seis motores, levando vinte passageiros e quarenta e cinco tripulantes. Em jul./1928 a Condessa Zeppelin lançava o LZ-127 em homenagem ao seu pai, Graf Zeppelin. O moderno dirigível impressionou o mundo. No ano seguinte deu a volta em torno da Terra em apenas 21 dias. Em 1930 transportou uma expedição de cientistas ao Polo Ártico com o objetivo de colher informações meteorológicas e geográficas daquela região tão distante.
Na sequência inaugurou-se uma linha regular para a América do Sul com escala no Rio de Janeiro, fazendo o percurso de ida e volta em 10 dias. Durante os anos de serviço, o Graf Zeppelin fez 650 vôos, dos quais 144 sobrevoaram o Atlântico. Transportou mais de 18 mil passageiros e cumpriu mais de 1,5 milhão de quilômetros. Tudo isso sem um acidente.
Em jan./1933 os nazistas subiram ao poder na Alemanha e logo perceberam o grande meio de comunicação que os dirigíveis dispunham para ser utilizado pela propaganda oficial. Uma nova empresa nasceu fruto da fábrica de Eckner em parceria com o governo alemão e a companhia aérea estatal (Lufthansa). Um novo e arrojado projetou foi iniciado, o LZ-129, com 245 metros de comprimento, capacidade de 200 mil metros cúbicos de hidrogênio e autonomia para 15 mil quilômetros à velocidade de 130 km/h. Poderia transportar um peso bruto de 236 toneladas, portanto era muito superior ao seu antecessor Graf Zeppelin.
Não bastasse a grandiosidade destas medidas, ainda possuía modernas instalações para os passageiros e tripulantes. Do convés panorâmico se podia observar, pelas janelas, as lindas paisagens que se descortinavam sob os pés de quem olhava. Além disso possuía um enorme salão de jantar com excelente cardápio, bar, salão de jogos, sala para fumantes e posto de correio. A cabine de comando, atrelada a parte baixa da fuselagem, era dotada de equipamentos modernos para uma navegação segura além de uma sala de mapas. Desta forma nasceu o gigantesco Hindenburg.
Em 1935 Hitler exigiu que o dirigível ostentasse em sua cauda a suástica nazista. No dia 31/03/1936 o novo dirigível fez sua viagem inaugural para o Rio de Janeiro, comemorando o terceiro ano da subida do Nacional-socialismo ao poder na Alemanha. Durante aquele ano o Hindenburg realizou dez viagens de ida e volta aos EUA e ainda participou das festividades por ocasião das Olimpíadas de Berlim.
Em maio do ano seguinte o dirigível fazia seu primeiro vôo do ano para os Estados Unidos. O trajeto fora alterado por conta das condições meteorológicas e a grande aeronave chegou a base naval de Lakehurst, estado de Nova Jersey, com mais de oito horas de atraso. Ainda chovia fino quando o dirigível fazia a manobra de aproximação. De repente uma grande explosão na parte traseira do Hindenburg sacudiu a aeronave e a fez cair como uma bola de fogo. O gás misturado ao oxigênio percorreu o seu interior como um maçarico fazendo com que toda a estrutura desabasse em apenas 34 segundos. Noventa e sete pessoas estavam à bordo entre passageiros e tripulantes. Trinta e cinco morreram, entre eles o comandante (Capitão Lehmann), além de um infeliz espectador que a tudo observava do solo, atingido pelos destroços.
Após o terrível sinistro muitas investigações foram efetuadas na tentativa de achar uma razão consistente para o acontecido, chegou-se, inclusive, a cogitar sabotagem e até um suspeito foi encontrado. Qualquer que tenha sido o motivo, a era dos grandes dirigíveis se encerrou definitivamente. A propaganda nazista fora literalmente queimada e o sonho do conde Zeppelin foi sepultado no ano do centenário do seu nascimento.