A Última Ofensiva Alemã no Leste
Hitler estava consciente que precisava de uma grande vitória militar no leste para reverter o curso da guerra naquele setor uma vez que no norte da África os exércitos ítalo-germânicos haviam sido encurralados na Tunísia, após o desembarque das tropas anglo-americanas (Operação Tocha) na Argélia. Pra piorar, no front oeste já se falava num desembarque aliado na França. Os primeiros fracassos das Wehrmacht diante de Moscou, em dez./1941, e a derrota do 6º Exército, em fev./1943, no cerco à Stalingrado, ainda estavam presos na garganta do soldado alemão. Não havia tempo a perder...na mente do Führer!
O Alto Comando Alemão (OKW) observou que a linha de frente das forças germânicas, em território russo, estendia-se por 50 km entre as cidades de Orel e Kharkov. Ali três exércitos inteiros ocupavam uma saliência que poderia ser utilizada para atrair o Exército Vermelho num enorme bolsão e cercá-lo. A junção deveria ser feita na estratégica cidade de Kursk, importante centro ferroviário no sentido norte-sul da Rússia. Se a ofensiva obtivesse sucesso, seus comandantes tinham permissão de seguir a frente, por conta própria, até uma nova linha mais adiante, próxima ao rio Don. Era uma estratégia clássica a qual, certamente, os soviéticos estavam cientes. Vários generais alemães discordaram da ofensiva tão óbvia naquela saliência. Além disso o serviço de inteligência russo recebeu, através de seus agentes infiltrados, todas as informações necessárias sobre os planos do inimigo.
O ataque alemão foi adiado por duas ocasiões a fim de acumular pessoal e material bélico suficientes para aumentar as chances de sucesso. Este precioso tempo desperdiçado forneceu aos soviéticos o período necessário para que a linha de defesa fosse pesadamente reforçada. Houve também o auxílio das operações dos guerrilheiros locais que dificultaram a concentração do inimigo. No começo de jul./1943 os dois lados da luta estavam preparados para, aquilo que ficou conhecido na história militar como, a "maior batalha de blindados de todos os tempos".
Operação Cidadela - 05/07/1943
Forças Alemãs:
Comandante-supremo: Adolf Hitler
Chefe E-M Geral do OKH: CG Kurt Zeitzler
Inspetor Geral das Forças Blindadas: CG Heinz Guderian
Chefe E-M Geral do OKH: CG Kurt Zeitzler
Inspetor Geral das Forças Blindadas: CG Heinz Guderian
Efetivo:
900 mil soldados
10 mil canhões
2.700 tanques (Tiger I, Panzer III e IV)
2.500 aviões (Me-109, Ju-87, Hs-129 e Fw-190)
Grupo de Exércitos Centro: MC Günther von Kluge
* 9º Exército: CG Walter Model
** XX Corpo: Gen. Artilharia Rudolf von Romam
** XXIII Corpo: Gen. Infantaria Johannes Friessner
** XLI Corpo Panzer: Gen. Panzer Josef Harpe
** XLVI Corpo Panzer: Gen. Infantaria Hans Zorn
** XLVII Corpo Panzer: Gen. Panzer Joachim Lemelsen
* 2º Exército: Gen. Infantaria Walter Weiss
** XIII Corpo: TG Otto Ottenbacher
** VII Corpo: Gen. Artilharia Ernst Eberhard Hell
* 4º Exército: CG Gothard Heinrici
** XII Corpo: TG Vizenz Müller
** XXVII Corpo: TG Paul Volkers
** XXXIX Corpo Panzer: Gen. Artilharia Robert Martinek
** LVI Corpo Panzer: Gen. Panzer Ferdinand Schaal
** XIX Corpo: Gen. Infantaria Hans Schmidt
* 2º Exército Panzer: CG Rudolf Schmidt
** XXXV Corpo: Gen. Infantaria Lothar Rendulic
** LIII Corpo: Gen. Infantaria Erich Clössner
** LV Corpo: Gen. Infantaria Erich Jaschke
* 3º Exército Panzer: CG Georg-Hans Reinhardt
** XLIII Corpo: Gen. Infantaria Karl von Owen
** LIX Corpo: Gen. Infantaria Kurt von der Chevallerie
** VI Corpo: Gen. Infantaria Hans Jordan
** II Corpo da Luftwaffe: Gen. Aviação Alfred Schlemm
* Exército Hungaro:
** VII Corpo: MG Istvan Kiss
** VIII Corpo: MG Laszlo Dezso
Grupo de Exércitos Sul: MC Erich von Manstein
* 4º Exército Panzer: CG Hermann Hoth
** II Corpo Panzer-SS: General-SS Paul Hausser
** XLVIII Corpo Panzer: Gen. Panzer Otto von Knobelsdorff
** LII Corpo: Gen. Infantaria Eugen Ott
* Destacamento de Exército Kempf: Gen. Panzer Werner Kempf
** III Corpo Panzer: Gen. Panzer Hermann Breith
** XLII Corpo: Gen. Infantaria Franz Mattenklott
** XI Corpo: Gen. Panzer Erhard Raus
* 1º Exército Panzer: CG Eberhard von Mackensen
** XXIV Corpo Panzer: Gen. Panzer Walter Nehring
** XXX Corpo: Gen. Artilharia Maximilian Fretter-Picco
** XL Corpo Panzer: Gen. Panzer Siegfried Henrici
** LVII Corpo Panzer: Gen. Panzer Friedrich Kirchner
* 6º Exército: CG Karl Hollidt
** XVII Corpo: Gen. Infantaria Wilhelm Schneckenburger
** XXIX Corpo: TG Erich Brandenberger
** IV Corpo: Gen. Infantaria Friedrich Mieth
Luftwaffe:
* 6ª Frota Aérea (Gr.Ex.Centro): CG Robert von Grein
* 4ª Frota Aérea (Gr.Ex.Sul): MC Wolfram von Richthofen
* 5ª Frota Aérea: CG Hans-Jürgen Stumpff
Os soviéticos, por sua vez, prepararam uma força ainda maior: 1,3 milhão de soldados, 20.200 canhões, 3.300 tanques (KV-1, T-34, T-60 e T-70) e 2.650 aviões (Il-2, Yak-9, La-5 e Pe-2). Eram 47 exércitos distribuídos em 7 frentes, todos subordinados ao vitorioso Marechal Georg Zhukov, o salvador de Leningrado e Moscou.
As 3:20 h da manhã de 05/07/1943 a artilharia do Exército Vermelho começou a bombardear as posições inimigas tendo resposta imediata da artilharia alemã. Duas horas depois os carros panzer puseram-se a caminho dos seus objetivos. Os soviéticos lançaram sua Força Aérea e as primeiras horas da batalha tornou-se a mais longa luta aérea já travada. A Luftwaffe conseguiu segurar o inimigo com poucas baixas, mas passou a respeitar o poderio aéreo do adversário, algo até então impensável. Com uma semana de luta as Wehrmacht tinham avançado apenas 10 km e, ao norte, foram obrigadas a recuar. O choque dos tanques ocorreu de forma violenta no dia 12 quando mais de 1.500 carros blindados se defrontaram a curta distância. Uma parte considerável das baixas alemães foi causada pela ação de minas antitanque espalhadas cuidadosamente pelos russos no campo de batalha. Após um dia inteiro de luta, quase cara a cara, ambos os lados se retiraram deixando para trás cada um cerca de 300 tanques destruídos. As baixas em homens foram muito maiores no lado russo, mas a iniciativa do ataque germânico perdeu seu ímpeto.
Um dia antes, os anglo-americanos desembarcaram (Operação Husky) na ilha de Sicília, ao sul da Itália. Este fato desnorteou o ditador nazista que chegou a pensar em cancelar a Operação Cidadela e transferir as tropas para o território italiano. Seus generais argumentaram que com um pouco mais de esforço os objetivos da operação poderiam ser alcançados. Este momento de indecisão ocorreu ao mesmo tempo em que o Exército Vermelho lançou uma contra-ofensiva no norte do saliente. Tropas alemãs do Grupo de Exércitos Sul foram deslocadas rapidamente em apoio as do Grupo Centro. Os russos se reagruparam no sul e também lançaram um contra-ataque libertando, em sequência, algumas cidades importantes em poder dos nazistas. No dia 11/08 libertaram Kharkov, uma cidade chave, que Hitler havia jurado defender até o fim. As tropas alemãs exauridas e com baixo moral se retiraram de toda a frente em 20/08.
No final da grande batalha os alemães haviam perdido 56 mil soldados, cerca de 350 tanques e 200 aviões. O número de feridos alcançou a casa dos 150 mil. No lado soviético a matança foi ainda maior: 178 mil homens, 1.600 tanques e 1.000 aeronaves, além de 300 mil feridos. Apesar da grande diferença de baixas, o objetivo de Hitler não foi alcançado e, pior que isso, a força avassaladora da contraofensiva soviética iria se transformar num rolo compressor que somente teria fim às portas de Berlim, pouco menos de dois anos depois.
Pesquisador, a "Batalha de Kursk - A Última Ofensiva Alemã no Leste" era o ítem que restava ao tópico que estamos desenvolvendo, chegou na hora certa !!!
ResponderExcluirAbçs,
Marco A & Equipe.