É interessante observar a grande quantidade de mulheres que circulavam ao redor do poder, antes e durante a ascensão do nazismo. Ora simplesmente acompanhando seus maridos, ora esbanjando sua beleza durante festividades. Algumas influentes, outras ambiciosas, haviam as tímidas, mas, certamente, todas deram um toque de classe naquele conturbado período agregando mais glamour à história do 3º Reich.
Inga Ley (mar./1916-dez./1942) - Segunda esposa de Robert Ley, o líder da Frente de Trabalho Alemã, com quem casou-se em ago./1938. Hitler a considerava a mulher mais bela do 3º Reich, pois possuía as características básicas da raça ariana - alta, loura e de olhos azuis. Segundo sustentam alguns historiadores ela nutria pelo ditador um amor platônico. Nos eventos em que se apresentava, ao lado de seu marido, sempre estava muito bem trajada, irradiando charme. Dançarina de ballet e atriz, era filha de artista e diretor de teatro prestigiado na Alemanha. Foi infeliz no casamento devido ao comportamento do marido, mulherengo e alcoólatra. Teve três filhos, contudo sofreu de complicações psicológicas após o terceiro parto que a deixou dependente de morfina. Instável e deprimida, abusou do álcool e tentou o suicídio por duas ocasiões. Muito embora sua morte esteja, até hoje, cercada de mistérios, é mais provável que, em dez./1942, aos 26 anos, atirou contra sua cabeça em sua residência, em Berlim, e faleceu.
Emmy Göring (mar./1893-jun./1973) - Segunda esposa de Hermann Göring (veja bio aqui), comandante da Luftwaffe e o 2º homem mais importante do 3º Reich. Atriz teatral divorciada; casaram-se em abr./1935 e tiveram uma filha, Edda, nascida em jun./1938. Foi considerada a "primeira dama do 3º Reich" para enorme inveja de Eva Braun. Emmy recebia muita atenção do público alemão e era constantemente fotografada. Levava uma vida de rainha por estar casada com um dos homens mais ricos da Europa. Göring possuía mansões na Alemanha, Áustria e Polônia e foi o maior beneficiado com as obras de arte confiscadas pelos nazistas dos judeus e de outros inimigos do regime. Após o final da 2ª Guerra ela foi julgada e condenada a um ano de prisão por ser nazista. Após sua libertação e morte de seu marido, 30% de suas propriedades foram confiscadas e, juntamente com sua filha, viveu na pobreza em um modesto apartamento, em Berlim, onde morreu aos 80 anos.
Leni Riefenstahl (ago./1902-set./2003) - Cineasta alemã preferida de Hitler. Leni iniciou sua carreira, assim como milhares de jovens alemãs da década de 20, como dançarina, entretanto uma lesão no joelho a fez se afastar da dança e se interessar por cinema onde, por quase dez anos, atuou em sete filmes de ação e montanhismo. Em 1932 ela aceitou dirigir um filme de ficção e apaixonou-se pela nova atividade. Hitler, um aficionado por cinema, convidou-a para dirigir um curta-metragem de propaganda nazista. O resultado foi excelente e, a partir daí, sua carreira deslanchou junto com o regime. Em 1936 ela filmou as Olimpíadas de Berlim e o material transformou-se no filme Olympia com técnicas inovadoras de filmagem que influenciou as futuras produções esportivas em todo o mundo. Leni, uma mulher muito bonita e competente, esteve durante todo o período do regime nazista presente aos grandes eventos, como cineasta ou simplesmente como convidada. Com a derrocada do regime, em mai./1945, foi aprisionada pelos franceses, mas por falta de provas não foi considerada nazista, apenas simpatizante. Nos anos seguintes ela tentou produzir filmes, mas não conseguiu apoio da mídia nem patrocinadores. Desistiu do cinema e tornou-se fotógrafa. Leni faleceu aos 101 anos e não deixou descendentes, embora tenha sido casada por quatro anos.
Lida Baarova (set./1914-out./2000) - Bela atriz tcheca, amante de Josef Goebbels (veja bio aqui), o Ministro da Propaganda do Reich. Goebbels apaixonou-se por Lida após conhecê-la em 1936 e o relacionamento durou mais de dois anos. Magda, esposa de Goebbels, tentou divorciar-se, contudo Hitler interveio e pressionou seu ministro que resistiu em romper a relação. O ditador alemão ordenou que a Gestapo transportasse a atriz para sua terra natal proibindo-a de atuar em filmes alemães. O romance terminou e a reputação do regime ficou imune ao escândalo. Em 1942 Lida mudou-se para a Itália e continuou uma carreira de sucesso. Ao final da guerra foi detida pelos tchecos como colaboradora do nazismo, contudo foi libertada por falta de provas, com o apoio de seu futuro marido, um influente político local. Em 1948 emigraram para a Áustria e posteriormente para a Argentina. Alguns anos depois ela retornou a Itália a fim de recomeçar sua carreira onde atuou em diversos filmes de sucesso até o final da década de 50. De volta à Alemanha, em 1958, casou-se novamente em 1969. Faleceu aos 86 anos.
Magda Goebbels (nov./1901-mai./1945) - Esposa do Ministro da Propaganda do Reich, Josef Goebbels (veja bio aqui). Admiradora de Adolf Hitler e entusiasta do Nacional-socialismo. Casou-se, em primeiras núpcias, com Günther Quandt, um industrial bem mais velho com quem teve um filho, Harald, nascido em nov./1921. Em 1929 divorciaram-se e o ex-marido deixou-lhe bens suficientes para levar uma vida tranquila com seu filho, ainda menor. Em setembro do ano seguinte, ainda jovem e atraente, filiou-se ao NSDAP após ficar encantada com os discursos inflamados do líder do partido e de seu fiel seguidor Josef Goebbels. Magda voluntariou-se para trabalhar no partido, não como ativista, mas como secretária no gabinete de um assessor de Goebbels. Inteligente e sofisticada, em pouco tempo demonstrou habilidade nos arquivos e ganhou a confiança dos superiores, inclusive de Adolf Hitler a quem admirava devotadamente. O casamento com Josef Goebbels foi incentivado pelo futuro ditador que considerava Magda peça-chave para conexões políticas com a alta classe onde ela tinha relacionamento social. Em dez./1931 aconteceu o casório tendo Hitler como testemunha. Os seis filhos vieram rápido, todos batizados com nomes cuja primeira letra era H em homenagem ao Führer da Alemanha. A despeito de seu problema físico, Goebbels tinha um apetite sexual insaciável e, durante o casamento, manteve inúmeros casos paralelos. O mais notório com a atriz tcheca Lida Baarova (acima descrita) que por pouco não provocou o término do casamento dos Goebbels. Alguns historiadores comentam que durante este período Magda manteve com Karl Hanke, um subordinado a seu marido no Ministério da Propaganda, um caso extraconjugal, como forma de retaliação, entretanto estes rumores nunca se confirmaram. Durante os anos de guerra o casal manteve-se fiel ao ditador, pelo menos publicamente, pois quando a situação militar no front leste começou a ficar complicada, algumas testemunhas atestaram que ela criticava as decisões insanas de Hitler. Mesmo assim ela nunca deixou de apoiar o esforço feminino durante o conflito e, pessoalmente, participava de reuniões de apoio às esposas dos soldados ou às viúvas dos mortos em combate. Trabalhou como enfermeira da Cruz Vermelha e como operária numa indústria de materiais eletrônicos. Magda era entusiasmada pelo regime nazista e fazia questão de demonstrar isso. Seu filho do primeiro casamento, Harald, foi piloto da Luftwaffe e lutou na guerra. Por todas estas razões Hitler a considerava a "mãe mais devotada do 3º Reich". Nos dias finais da guerra, Magda e sua família, acompanharam Hitler em seu esconderijo subterrâneo e presenciaram os momentos finais da vida do ditador e sua recém esposa Eva Braun. No dia seguinte ela e seu marido também suicidaram-se nos jardins da chancelaria do Reich após envenenarem seus seis filhos menores (vide mais detalhes aqui). Teria ela dito: "Não há razão para viver mais numa Alemanha sem Adolf Hitler e o Nacional-socialismo".
Henny von Schirach-Hoffmann (fev./1913-jan./1992) - Filha do fotógrafo pessoal de Hitler, Heinrich Hoffmann, e esposa de Baldur von Schirach, o primeiro líder da Juventude Hitlerista. No começo dos anos 20, ainda criança, conheceu o futuro ditador que a tratava carinhosamente. A amizade estreita de seu pai com Hitler a fez conhecer seu futuro esposo em 1932. Em março daquele ano casaram-se e tiveram quatro filhos. Muito embora ela fosse filiada ao NSDAP desiludiu-se com o regime nazista quando tomou conhecimento das atrocidades cometidas contras os judeus em campos de concentração, afastando-se da elite do poder. Com a derrocada do nazismo e o fim da guerra, seu marido foi condenado à 20 anos de prisão. Em meados 1949 ela envolveu-se com o ex-marido de Leni Riefensthal, Peter Jacob, e divorciou-se, formalmente, de Baldur em jul./1950. Alguns anos mais tarde tentou, sem sucesso, a redução da pena de seu ex-marido e na década de 80 publicou um livro de humor sobre o tempo que se manteve próxima à Hitler. Henny faleceu de causas naturais em jan./1992, aos 79 anos.
Lina von Osten Heydrich (jun./1911-ago./1985) - Nazista fervorosa e esposa do General-SS Reinhard Heydrich (veja bio aqui), o protector da Boêmia & Morávia (parte da antiga Tchecoslováquia, anexada ao Reich em mar./1939). Depois que Heydrich foi expulso da Marinha, em 1931, Lina conseguiu, através de seus contatos, que ele fosse aceito nas SS. Casaram-se em dez./1931 e tiveram quatro filhos. O casamento por pouco não acabou em divórcio devido à sérios desentendimentos, entretanto reconciliaram-se. Ficou viúva em jun./1942 após seu marido ter sido emboscado em Praga por guerrilheiros locais. Após a guerra, em 1965, ela conheceu um diretor de teatro finlandês e se casou novamente. Em 1976 escreveu suas memórias durante o regime de Hitler e negou conhecer as atrocidades cometidas por seu ex-marido durante a administração do Protetorado. Lina faleceu fiel ao Nacional-socialismo em ago./1985, aos 74 anos.
Annelies von Ribbentrop (jan./1896-out./1973) - Esposa do Ministro das Relações Externas do Reich, Joachim von Ribbentrop. Filha de famoso industrial alemão, Otto Henkell. Annelies e Joachim casaram-se em jul./1920 e tiveram quatro filhos. No princípio a família Henkell foi contrária ao casamento por entender que Joachim estaria se aproveitando da sua boa condição financeira. O casal viveu em Londres quando seu marido foi embaixador alemão naquele país e, depois que ele foi designado Ministro do Reich, em fev./1938, ela sempre o acompanhava nas viagens exercendo forte influência nos negócios. Em suas aparições públicas sempre demonstrava elegância, embora não fosse muito simpática devido à sua aparência sisuda e temperamento malicioso. Nos anos da guerra Joachim foi "isolado" pelos outros altos dirigentes nazistas por se deixar tratar como um "garoto de recados" nas mãos de Hitler. Neste sentido Annelies também recebeu o mesmo tratamento. No fim do conflito seu marido foi preso e julgado pelo Tribunal Internacional de Nuremberg. Annelies, durante o processo, esteve sempre apoiando von Ribbentrop. Após a execução deste, em out./1946, ela foi aprisionada para "desnazificação" e, depois de libertada, viveu sem alarde, voltada para sua família. Annelies faleceu aos 77 anos de causas naturais.
Gerda Bormann Buch (out./1909-abr./1946) - Esposa de Martin Bormann, secretário de Adolf Hitler e homem forte do partido nazista. Casaram-se em set./1929 sendo considerada, mais tarde, a mulher típica do 3º Reich, pois era robusta, dedicada ao marido e à família, fiel ao NSDAP e ao Führer. Filha de influente juiz nazista, General-SS Walter Buch (vide bio aqui). Ela também foi uma fanática do regime nazista e fã do notório antissemita Julius Streicher. O casal teve dez filhos e Gerda suportou calada diversos casos de infidelidade do marido. Ela e sua família participavam do pequeno círculo de amigos íntimos de Hitler e constantemente frequentavam a sua casa nos Alpes bávaros, o Berghof (vide postagem aqui). Não obstante sua presença habitual nos círculos do poder, mantinha-se afastada das questões políticas devido a grande quantidade de filhos pequenos que tinha para criar. Nos dias finais da guerra seu marido desapareceu no cerco de Berlim e Gerda fugiu para a Itália com seus filhos. Descoberta no fim daquele ano, foi duramente interrogada sobre o paradeiro de seu marido, embora ela nada soubesse, pois a morte de Martin somente foi reconhecida e oficializada na década de 90. Gerda foi hospitalizada ainda em 1945 e morreu de câncer em abr./1946 com apenas 37 anos.
Manja Behrens (abr./1914-jan./2003) - Conhecida amante de Martin Bormann. Atriz alemã do teatro e cinema. Sobreviveu à guerra e atuou até a década de 90. Faleceu de causas naturais aos 88 anos.
Hedwig Potthast (fev./1912-set./1994) - Amante e ex-secretária particular de Heinrich Himmler. Filha de um notório homem de negócios de Colônia. Hedwig (doze anos mais jovem) e Himmler passaram a conviver por volta de 1941 depois que ele perdeu o afeto por sua esposa, Marga. Tiveram um casal de filhos, ainda vivos. Himmler mandou construir-lhe uma casa nas montanhas de Obersalzberg, próximo à de Bormann. Quase nada se conhece do destino dela e de seus filhos depois da guerra, apenas que teve outro casamento e se manteve afastada dos noticiários.
Maria Reiter (dez./1911-jul./1992) - Reconhecida como o primeiro caso de amor de Hitler. Austríaca de nascimento e filha de um funcionário do PSD de Berchtesgaden. Conheceram-se em 1927 quando "Mitzi" contava apenas 17 anos. Hitler teria prometido formar uma família com ela, mas precisava primeiro cumprir sua "missão política". Ela, ingenuamente, acreditou e o aguardou durante meses até entrar em profunda depressão o que lhe fez tentar sem sucesso o suicídio por enforcamento. Os anos se passaram e Mitzi casou-se com um hoteleiro, contudo a união terminou em 1931. Novamente Hitler e ela tiveram alguns encontros, entretanto seu desejo continuava a ser o mesmo - o matrimônio; e o futuro ditador considerava politicamente incorreto a união com uma divorciada o que fez com que se separassem mais uma vez. Após a nomeação de Hitler como Chanceler da Alemanha, convidou-a para ser sua amante sem formalizar casamento pois, segundo ele, ainda havia uma importante missão a ser cumprida e a constituição de uma família poderia atrapalhar seus planos. E novamente Mitzi recusou. Em 1936 ela casou-se pela 2ª vez com o Capitão-SS Georg Kubisch que morreria na guerra em mai./1940. Depois que ela enviuvou nunca mais tornou a encontrar-se com o Führer. Mitzi, em 1959, revelou toda esta história para um periódico alemão. Provavelmente faleceu de causas naturais em jul./1992, aos 80 anos de idade.
Renate Müller (abr./1906-out./1937) - Belíssima loura de olhos azuis, atriz e cantora alemã com quem Hitler, provavelmente, teve um breve relacionamento. No começo dos anos 30 ela foi atraída pelo NSDAP para atuar em filmes de propaganda nazista, todavia recusou. Os detalhes de sua morte, ainda jovem, não estão muito bem esclarecidos. Na época a imprensa do regime nazista atribuiu suicídio (jogou-se da janela de seu apartamento) decorrente de epilepsia, contudo rumores apontam para assassinato por agentes da Gestapo por ela estar se relacionando com um judeu e, devido a sua popularidade, era prejudicial ao "regime".
"Winie" Wagner (jun./1897-mar./1980) - Nasceu na Inglaterra e foi esposa de Siegfried Wagner, filho do compositor e maestro alemão Richard Wagner (1813-1883), considerado por Hitler um gênio musical. Enviuvou em ago./1930, tornou-se admiradora do ditador, muito embora negasse a ideologia nazista. Diretora do Festival de Musica de Bayreuth recebeu de Hitler grande apoio a fim de popularizar o evento. Pela sua constante aparição em público ao lado de Hitler, existiram boatos que eles planejavam se casar. Com o fim do regime nazista, Winie foi banida do Festival e passou o resto da vida fora da mídia. Morreu de causas naturais aos 82 anos.
Jutta Rüdiger (jun./1910-mar./2001) - Líder da Organização Feminina Juvenil do NSDAP (Bund Deutscher Mädel, BDM) de nov./1937 a mai./1945. No fim dos anos 20 tornou-se adepta do nazismo integrando-se à Liga dos Estudantes Alemães do NSDAP. Depois da subida do nazismo no poder ela tornou-se, rapidamente, auxiliar feminina dentro da Juventude Hitlerista. Em nov./1937 assumiu a liderança geral da nova organização (BDM) e filiou-se ao NSDAP. Embora fosse subordinada ao comando da JH ela sempre lutou pela autonomia de seu grupo além de rivalizar com a NSF, de Gertrud Scholtz-Klink. O objetivo da organização, dentro da ideologia nazista, sempre foi preparar as jovens para se tornarem esposas e mães exemplares, perpetuando a raça ariana. Jamais foram induzidas a pegar em armas. Durante os anos de guerra seus membros foram recrutadas para trabalhar em fábricas de munição de acordo com as diretrizes do esforço de guerra. Rüdiger aliciou milhões de jovens neste sentido. A partir de 1943, com o aumento do bombardeio estratégico aliado das cidades alemãs, as jovens do BDM, juntamente com integrantes da JH, compuseram grupos de defesa antiaérea. Foi o aspecto mais próximo do combate onde as mulheres alemãs estiveram presentes. Jutta foi presa pelas tropas norte-americanas ao terminar a 2ª Guerra Mundial e passou mais de dois anos em cativeiro, embora nunca fosse acusada de qualquer crime ou levada à tribunal para julgamento. Depois de libertada retomou sua carreira na área de psicologia pediátrica. Jutta faleceu aos 90 anos de idade, leal a causa que abraçou durante toda vida. Pouco se conhece de sua vida pessoal.
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