terça-feira, 17 de julho de 2012

O amor é cego, mas a mentira tem boa visão...


Em Abr./1936 o Ministro da Guerra do Reich e Comandante em Chefe das Wehrmacht, General Werner von Blomberg (vide bio aqui) foi promovido à Marechal-de-Campo, tornando-se o primeiro general do governo nazista a atingir esta patente. Foi o apogeu de uma carreira militar de quase quarenta anos que atravessara a 1ª Grande Guerra com grande bravura ao ponto de lhe concederem a maior medalha militar da época - a Pour le Mérite.
Blomberg, no governo de Adolf Hitler, trabalhava incansavelmente na expansão do tamanho e poder do Exército. Após o expurgo das SA, em jun./1934, cujo crescimento vinha rivalizando com o poder do Exército, Blomberg passou a adotar uma postura de devoção cega ao ditador. Entretanto em nov./1937, quando Hitler declarou, internamente, sua decisão irrevogável de ir à guerra, se necessário fosse, para alcançar seus objetivos territoriais, o recente marechal e o Comandante do Exército, General Fritsch, demostraram aversão àquelas idéias e passaram a ser tratados como "contrários" à política nazista.
Em jan./1938, o viúvo Blomberg, com quase 60 anos de idade, casou-se com uma jovem secretária-estenógrafa de 25 anos que trabalhava no Ministério da Guerra, Luise Margarethe Gruhn (jan./1913-?/1978). Blomberg não hesitou em convidar Hitler e Göring para serem padrinhos do enlace, uma forma de agradar os dois maiores líderes do regime, todavia este último mantinha algumas reservas quanto ao cargo que o noivo havia conquistado no governo.
O ambicioso Göring, juntamente com Himmler e Goebbels, seus aliados nos momentos de afastar os adversários políticos, trataram de descobrir o passado nebuloso da jovem noiva. Logo a Gestapo montou um dossiê detalhado da vida pregressa de Margarethe inclusive com fotos comprometedoras, para não dizer pornográficas, do tempo que fora prostituta.
Se estes documentos eram falsos ou não, jamais saberemos, o fato é que o assunto foi levado ao Führer que, naturalmente, exigiu de Blomberg a anulação do casamento a fim de preservar a integridade da tradição militar e, sobretudo, do regime nazista. O marechal não aceitou as condições impostas e foi sumariamente exonerado dos cargos que ocupava no governo ainda no final de jan./1938.
Alguns dias depois um novo dossiê veio às mãos de Hitler trazendo informações da provável vida homossexual que o General Fritsch (vide bio aqui) mantinha com determinado parceiro. Certamente um outro escândalo forjado com objetivos claros. Fritsch foi afastado de sua posição e Hitler, aproveitando-se da rara oportunidade, promoveu uma grande reorganização nas Wehrmacht, colocando no comando destas um fantoche que iria agir conforme sua vontade, General Keitel (vide bio aqui), e afastando os militares considerados pouco entusiasmados pelo nazismo. Para não deixar Göring sem recompensa pelo seu trabalho traiçoeiro, promoveu-lhe à Marechal-de-campo. O caminho, desta forma, ficara livre de obstáculos dentro do regime.
Blomberg aposentou-se e foi exilado numa ilha italiana, saindo da vida pública. Após o final da 2ª Guerra foi arrolado como testemunha no Tribunal de Nuremberg, entretanto faleceu de câncer antes de seu depoimento, aos 67 anos. Fritsch, por sua vez, respondeu a processo militar e foi inocentado, todavia no início da campanha contra a Polônia, em set./1939, foi morto em combate ou, como preferem alguns historiadores, deixou-se matar pelo inimigo, já que sua honra fora jogada no lixo.

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