segunda-feira, 18 de junho de 2012

Paraquedistas Alemães


Fallschirmjäger


Muito embora o paraquedas tenha sido inventado na Antiguidade ele passou séculos no esquecimento e somente foi usado de forma efetiva durante a 1ª Grande Guerra (ago./1914-nov./1918), ocasião na qual os pilotos das precárias aeronaves (aviões de caça e balões de observação) equipavam-se com este dispositivo para salvar a vida em caso de serem abatidos pelo fogo do inimigo. Não passava de uso defensivo.
Em meados da década de 30 os soviéticos já haviam criado uma tropa específica com a finalidade de assalto aeroterrestre que muito impressionou os militares alemães. Uma demonstração do Exército Vermelho com 1.500 soldados lançados, com sucesso, de paraquedas, levando armas e equipamentos leves provou que esta nova maneira de ataque poderia revolucionar a arte da guerra em campo, proporcionando ao incursor, além do elemento surpresa aéreo, uma grande vantagem na velocidade do deslocamento até a posição essencial na conquista do território.
Naquele período, já com os nazistas no poder, era certo que os responsáveis pelo rearmamento militar alemão não tapassem os olhos para este novo modelo de assalto extraordinário. Hermann Göring, fiel escudeiro de Adolf Hitler e criador secreto da então nascente Luftwaffe, designou um homem de sua total confiança para a missão de modelar a tropa paraquedista em parceria com o Exército. Seu nome: Major-general Kurt Student, antigo ás de caça da 1ª Grande Guerra. A história deste homem iria se confundir, daqui em diante, com a história do paraquedismo militar na Alemanha, sem dúvida alguma o país que melhor soube tirar proveito desta nova tropa durante a 2ª Guerra Mundial.
Considerando o caráter de risco deste novo contingente, seus integrantes seriam todos voluntários e, assim, os primeiros que se apresentaram para o rigoroso treinamento foram antigos membros da guarda pessoal de Göring que formariam o 1º Regimento Paraquedista General Göring, mais tarde transferida para a Luftwaffe sob o comando do General Student. Este militar estava disposto a aumentar o efetivo do seleto grupo e transformá-lo em divisão de elite para emprego em operações de larga escala. Devido ao escasso tempo para execução desta grandiosa missão, não conseguiu participar dos combates iniciais da 2ª Guerra, todavia seus discípulos participaram com louvor de operações de socorro na invasão da Noruega, em abr./1940.
No mês seguinte, ao se deflagrar a ofensiva das Wehrmacht contra os países baixos e França, os paraquedistas mostraram, de fato, sua capacidade e enorme poder ofensivo ao tomarem de assalto a sólida fortaleza belga de Eben-Emael, às margens do Canal Albert. Na ocasião um grupo de apenas 78 soldados paraquedistas desembarcados, em silêncio, por dez planadores conquistaram em poucas horas o forte, considerado até então indestrutível, composto por uma guarnição de 700 homens e enorme poder de fogo. As baixas alemães foram de somente 6 homens e 15 feridos para tão grandiosa conquista, pois a fronteira da França ficara, então, desguarnecida naquele ponto. O General Student, finalmente, conseguira provar que suas teorias militares sobre o assalto aeroterrestre estavam corretas. Ele e seus homens foram promovidos e cobertos de condecorações pessoalmente pelo Führer.
Após a queda da França e a consequente euforia do povo alemão pela retumbante vitória, muitos jovens correram para se voluntariarem na tropa paraquedista, unidade tão nova e já coberta de glórias em batalha. Os comandados de Student, agora prestigiados dentro e fora do seio militar e, principalmente, gozando da boa reputação do ditador, ganhou status de Corpo Aéreo. Aviões, armas e equipamento foram postos à disposição de seu comandante e os projetos não cessavam de nascer. No começo de 1941 o Corpo estava mais forte que nunca, a 7ª Divisão Aerotransportada era composta por três regimentos de paraquedistas completos e uma série de unidades leves e de apoio administrativo. Student tinha ainda sob seu controle direto um Regimento de Assalto, capaz de entrar em combate por meio de lançamento de paraquedas ou desembarque por planadores. Todos ansiosos por ação.
Antes de deslanchar a ofensiva contra a Rússia, Hitler decidiu consolidar sua posição estratégica nos Bálcãs, subjugando o levante dos nacionalistas na Iugoslávia e invadindo a Grécia que havia detido a ofensiva dos italianos, empurrando-os de volta ao território albanês. Na sequência ele também incluiu nos seus planos a conquista da ilha de Creta a fim de controlar os aeródromos locais e as águas do Mediterrâneo naquela região. Em três semanas de combate os alemães bombardearam Belgrado, assumiram o poder naquele país e conquistaram Atenas fazendo com que os gregos capitulassem. Há de se registrar a participação eficaz dos paraquedistas no assalto aeroterrestre a cidade de Corinto com a captura de mais de 2.500 soldados britânicos e gregos.
A investida a seguir seria a conquista da ilha de Creta (Operação Mercúrio), para onde se refugiou a maior parte das tropas inglesas. Esta ação, prestes a ocorrer, tornar-se-ia a maior operação de paraquedistas de toda a 2ª Guerra. Student planejou o assalto a ilha contando apenas com soldados da Luftwaffe, não haveria carros blindados nem navios de guerra a sua disposição. Na manhã de 22/05/1941 iniciou-se a invasão aérea conjunta através de salto de paraquedas e planadores, entretanto os defensores lutaram bravamente ocasionando muitas baixas entre os invasores. As condições do salto somente permitiram que os soldados portassem armas de mão e ao chegarem no solo buscassem os containers que traziam metralhadoras, fuzis, lança-morteiros e munição. Houve uma grande confusão pois o terreno empoeirado e o vento forte fez a visibilidade cair à zero. Alguns aviões danificados ficaram em meio à pista de pouso e muitos planadores se espatifaram no solo ou aterrissaram distante dos objetivos. Na medida que os aeródromos eram tomados, mais tropas transportadas chegavam para substituir as baixas. Para piorar, os telefones deixaram de funcionar devido ao corte dos cabos pelos guerrilheiros gregos. Por volta das 18 h quase 8 mil soldados aerotransportados haviam chegado a Creta, muitos dos quais mortos antes de entrarem em combate. Student, de Atenas, avaliava apreensivo a delicada situação de seus homens e alguns militares do seu staff o aconselhavam a cancelar toda a operação. Decidido a conquistar seu objetivo o general enviou mais soldados e em cinco dias de combates violentos conseguiu estabilizar a linha enquanto o inimigo começava a recuar. O inicio da evacuação dos defensores pelo mar era o sinal da vitória dos paraquedistas.
Na conquista da ilha Student perdeu 6 mil soldados e 150 aviões de transporte (Ju-52), mas isso não balançou sua fé nas vantagens do assalto aeroterrestre, afinal Creta tinha um importante valor estratégico. Por outro lado os britânicos e gregos perderam 13 mil homens entre mortos, feridos ou aprisionados, ainda que outros 16 mil tenham sido evacuados para o Egito atravessando o Mediterrâneo. O preço da vitória, evidentemente, havia sido caro demais.
Dois meses depois Student e alguns dos seus oficiais sobreviventes, que participaram do assalto a Creta, foram convocados ao QG de Hitler para uma cerimônia de entrega de condecorações. O general, envaidecido, esperava ouvir elogios e congratulações do ditador, contudo no final do evento deixou o local completamente derrotado - Hitler lhe comunicou que jamais ordenaria outra operação aeroterrestre de tamanha envergadura! Parecia que os dias da tropa paraquedista estavam em contagem regressiva, pois dali por diante ela somente seria empregada como força regular de infantaria.
Estava reservado, todavia, um lugar de honra na história da guerra para esta valorosa tropa de elite. Muito embora nenhuma outra operação de lançamento de paraquedistas, em larga escala, tivesse sido executada, Student e seus homens provariam que o excelente treinamento e o rigoroso processo de seleção foram fundamentais em outras ações. Em set./1943 em uma ousada operação de comando, alguns paraquedistas desembarcados por planadores no Monte de Gran Sasso, na Itália, conseguiram resgatar o recém-deposto Mussolini de sua prisão. Esta ação valeu a Student as Folhas de Carvalho de sua Cruz de Cavaleiro, uma honrosa homenagem para poucos. Em meados do ano seguinte um destacamento de paraquedistas entusiasmados conseguiu deter os aliados na abadia de Monte Cassino, também na Itália, por mais de 4 meses. Em junho daquele ano fizeram parte, já com o status de 1º Exército Paraquedista, dos defensores da Normandia após o desembarque anglo-americano, no Dia-D. Em setembro, na Holanda, também os paraquedistas alemães estiveram presentes de forma enfática na derrota dos britânicos em Arnhem. Ali, curiosamente, ambos os lados da batalha lutaram com paraquedistas. No fim do ano tomaram parte da Batalha das Ardenas, agregado ao Grupo de Exércitos H, comandado pelo Coronel-general Student. Onde quer que fosse necessário combatentes de valor os paraquedistas eram convocados. Seu legado após a guerra, dentro e fora da Alemanha, é exemplo a ser seguido até os dias de hoje.

Um comentário:

  1. Excelente material...esta tropa de elite possuía 10 mandamentos e eram valorosos em combate

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